Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém/PA
Assessor eclesiástico da RCCBRASIL
Arcebispo de Belém/PA
Assessor eclesiástico da RCCBRASIL
Há dois anos, poucos meses depois de ter
assumido a Arquidiocese de Belém, apresentei-me ao Papa Bento XVI, de
quem recebi o Pálio, sinal de comunhão profunda com o seu ministério
apostólico, para o exercício do episcopado à frente desta Igreja e para
ser sinal de unidade na Província Eclesiástica de Belém, que compreende
as circunscrições eclesiásticas dos Estados do Pará e Amapá.
Naquela
ocasião, junto com os outros Arcebispos nomeados no ano precedente,
proferi o juramento de fidelidade estrita ao ministério petrino que se
realiza pela presença, ação e testemunho do Santo Padre. De lá para cá,
foram muito maiores as alegrias do que as eventuais tristezas. Os frutos
do serviço pastoral dos presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas,
pessoas consagradas a Deus e de todo o Povo de Deus, têm sido
abundantes, na formação de comunidades vivas de Igreja e na desafiadora
tarefa de levar o Evangelho aos que estão ou se sentem mais distantes,
os preferidos de Deus.
A Solenidade de São Pedro e São Paulo
oferece-nos a oportunidade para reconhecer publicamente o ministério
exercido por Bento XVI, à frente da Igreja de Roma, “que preside a
caridade” (Santo Inácio de Antioquia). Trata-se de um Pontífice
privilegiado pelos dons de inteligência e sabedoria com que foi
prodigalizado por Deus. Tanto os fiéis católicos como pessoas de outras
confissões cristãs ou de outras religiões, e ainda homens e mulheres de
convicções diferentes, inclusive ateus, reconhecem nele um sinal
precioso para a Igreja e o mundo. Temos o direito de experimentar a
santa vaidade de ter um Papa para o nosso tempo, decidido, corajoso e
forte, objetivo em seus ensinamentos, que confirma os irmãos na fé.
Continua verdadeira a promessa de Jesus a
Simão Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha
Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (Mt 16,18). A
certeza da assistência do Espírito Santo ao Papa não o faz um
super-homem, mas põe sua humanidade a serviço de Deus e de sua Igreja. O
ministério que exerce pede força e ternura, aliadas para fazer o bem e
orientar, com a verdade do Evangelho, o caminho da barca que lhe foi
confiada pelos mares agitados.
Há poucos dias, realizou-se em Milão, na
Itália, o VIII Encontro Mundial das Famílias com o Papa. Num profundo
diálogo com famílias de várias partes do mundo, respondeu a perguntas
muito provocantes. Uma delas foi feita por um casal brasileiro, Maria
Marta e Manoel Ângelo, que tocaram num assunto delicado e importante,
com uma resposta forte e cheia de ternura. “Santidade, em nosso Brasil,
como, aliás, no resto do mundo, continuam a aumentar os fracassos no
matrimônio.
Encontramos muitas famílias, notando nos conflitos de casal
uma dificuldade mais acentuada de perdoar e de aceitar o perdão, mas em
vários casos constatamos o desejo e a vontade de construir uma nova
união, algo duradouro, mesmo para os filhos que nascem da nova união.
Alguns destes casais recasados teriam vontade de aproximar-se da Igreja,
mas, quando lhes são negados os Sacramentos, sua decepção é grande.
Sentem-se excluídos, marcados por um juízo sem apelo. Estas grandes
penas magoam profundamente aqueles que nelas estão envolvidos; são
feridas também nossas e da humanidade inteira. Santo Padre, nós sabemos
que a Igreja leva no seu coração estas situações e estas pessoas. Que
palavras e sinais de esperança podemos dar-lhes?”
As palavras do Papa podem chegar a
muitos corações e manifestam o exercício de seu ministério: “Queridos
amigos, obrigado pelo seu trabalho a favor das famílias, sem dúvida
muito necessário. Obrigado por tudo o que fazem para ajudar estas
pessoas que sofrem. Na verdade, este problema dos divorciados recasados é
um dos grandes sofrimentos da Igreja atual. E não temos receitas
simples. O sofrimento é grande, podendo apenas animar as paróquias e as
pessoas a ajudá-los a suportarem o sofrimento do divórcio. Digo que é
muito importante, naturalmente, a prevenção, isto é, aprofundar desde o
início o namoro e o noivado numa decisão profunda e amadurecida.
Além disso, o acompanhamento durante o matrimônio, de modo que as famílias nunca se sintam sozinhas, mas sejam realmente acompanhadas no seu caminho. Depois, quanto a estas pessoas, devemos dizer que a Igreja as ama, mas elas devem ver e sentir este amor. Considero grande tarefa duma paróquia, duma comunidade católica, fazer todo o possível para que elas sintam que são amadas, acolhidas, que não estão “fora”, apesar de não poderem receber a absolvição nem a Comunhão: devem ver que mesmo assim vivem plenamente na Igreja. Mesmo se não é possível a absolvição na Confissão, não deixa de ser importante um contato permanente com o sacerdote, com um diretor espiritual, para que possam ver que são acompanhadas e guiadas. Além disso, é muito importante também que sintam que a Eucaristia é verdadeira e participam nela se realmente entram em comunhão com o Corpo de Cristo.
Além disso, o acompanhamento durante o matrimônio, de modo que as famílias nunca se sintam sozinhas, mas sejam realmente acompanhadas no seu caminho. Depois, quanto a estas pessoas, devemos dizer que a Igreja as ama, mas elas devem ver e sentir este amor. Considero grande tarefa duma paróquia, duma comunidade católica, fazer todo o possível para que elas sintam que são amadas, acolhidas, que não estão “fora”, apesar de não poderem receber a absolvição nem a Comunhão: devem ver que mesmo assim vivem plenamente na Igreja. Mesmo se não é possível a absolvição na Confissão, não deixa de ser importante um contato permanente com o sacerdote, com um diretor espiritual, para que possam ver que são acompanhadas e guiadas. Além disso, é muito importante também que sintam que a Eucaristia é verdadeira e participam nela se realmente entram em comunhão com o Corpo de Cristo.
Mesmo sem a recepção “corporal” do
Sacramento, podemos estar, espiritualmente, unidos a Cristo no seu
Corpo. É importante fazer compreender isto. Oxalá encontrem a
possibilidade real de viver uma vida de fé, com a Palavra de Deus, com a
comunhão da Igreja, e possam ver que o seu sofrimento é um dom para a
Igreja, porque deste modo estão ao serviço de todos mesmo para defender a
estabilidade do amor, do Matrimônio; e que este sofrimento não é só um
tormento físico e psíquico, mas também um sofrer na comunidade da Igreja
pelos grandes valores da nossa fé. Penso que o seu sofrimento, se é
realmente aceito interiormente, torna-se um dom para a Igreja. Devem
saber que precisamente assim servem a Igreja, estão no coração da
Igreja. Obrigado pelo compromisso de vocês”. Dentre tantas outras
manifestações da misericórdia e da verdade, esta palavra segura do Papa
alcance tantos casais que clamam por uma resposta da Igreja e querem
estar fundados na rocha que é Pedro.
Nesta luz podemos pedir a Deus, que nos
concede a alegria de festejar São Pedro e São Paulo, que a Igreja siga
em tudo os ensinamentos dos apóstolos que nos deram as primícias da fé.
FONTE: Zenit.org
Texto retirado na íntegra de http://www.rccbrasil.org.br/espiritualidade-e-formacao/index.php/artigos/808-tu-es-pedro
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