Por Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém/PA
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL
Arcebispo de Belém/PA
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL
O Povo de Deus, conduzido por Moisés através do deserto, rumo à Terra
Prometida, passou por muitas e diversificadas crises. O próprio Moisés
passou suas dificuldades, pois devia conduzir uma multidão de gente de
cabeça dura. Como muitos líderes de todas as épocas da história, a
conselho de seu sogro (cf. Ex 18,1-27), aprendeu a compartilhar seu
trabalho com homens escolhidos, sem acumular nas próprias mãos o poder e
as múltiplas tarefas que comportava o cuidado da viagem pelo deserto.
Aarão, Josué e tantos outros encontraram seu lugar para viver ao lado de
Moisés o chamado que lhes era próprio.
O correr da história sagrada apresenta juízes, profetas e reis, todos
chamados a exercer um serviço inestimável, chamados e inspirados por
Deus. E que dizer de mulheres fortes, como Sara, Rute, Judite, Débora e
muitas outras? Muitas foram as pessoas conduzidas pelo Espírito do
Senhor, cuja lembrança a Escritura registra, para que as sucessivas
gerações estivessem abertas ao apelo de Deus. E não foram poucas as
circunstâncias e os desafios experimentados por todas estas pessoas,
preciosas aos olhos de Deus.
Os Evangelhos se abrem com a graça do chamado: Maria e José, Zacarias
e Isabel, Simeão e a Profetiza Ana, os discípulos de Jesus e dentre
eles os doze apóstolos. E do meio do povo que seguia Jesus, conversões,
curas, seguimento estrito do Senhor se multiplicam, oferecendo a moldura
para toda aventura que se chame humana. Mais adiante, no Tempo do
Espírito relatado pelos Atos dos Apóstolos, entram na lista Ler e rezar a
Escritura Sagrada é envolver-se com o mistério do chamado, a graça da
vocação. Homens firmes e provados, como os primeiros Diáconos,
convertidos como o Eunuco da estrada de Gaza, ou o Centurião Cornélio
ou, mais do que todos, São Paulo, o Apóstolo das Gentes. Em todos
resplandece as armadilhas de amor tramadas por Deus para a graça do
chamado.
Na Igreja de Jesus Cristo, em todas as épocas e situações, a
realidade do chamado se faz presente. Vocação foi o chamado de eremitas e
monges, cuja solidão foi habitada pela presença do Senhor e pelas
muitas pessoas que desde o princípio foram atrás deles, porque
procuravam Deus. Sua vida suscitou seguidores e até hoje existem e
sempre existirão pessoas chamadas ao silêncio e ao claustro.
Vocação são
os grandes Carismas, a pobreza com São Francisco, a Contemplação com
São João da Cruz e Santa Teresa D’Ávila, a pregação com São Domingos.
Vocação foi o apelo de Deus para o surgimento das Ordens e Congregações
Religiosas, criadas para responder aos desafios sociais, à educação das
crianças, adolescentes e jovens, ao cuidado da saúde, como as famílias
de pessoas consagradas que Deus inspirou no século dezenove e no início
do século vinte ou muitas Congregações missionárias. Vocação são as
novas formas de dedicação a Deus, chamadas “Comunidades Novas”.
Desde o princípio, o Senhor chamou homens para o Episcopado, o
Presbiterado e o Diaconato, o ministério ordenado, para o serviço da
Palavra, do Altar e do Pastoreio. Trata-se de um chamado específico
dentro da Igreja, são as vocações que brotam em nossas Comunidades
Paroquiais.
E se alguém não se sentir tocado por tais “vagas” de trabalho,
certamente é porque seu lugar, de uma imensa e qualificada maioria, é a
do leigo ou leiga, presente na Igreja, comprometido com os valores do
Evangelho, vocação magnífica para ser sal, luz e fermento no mundo,
oferecendo-se como hóstia agradável a Deus.
Mais ainda! Que lugar carregado de dignidade é aquele ocupado pelas
pessoas chamadas ao Matrimônio, homens e mulheres encarregados de
realizar nos lares cristãos a imagem do relacionamento existente na
família mais perfeita, Pai e Filho e Espírito Santo.
Existe um mistério que toca de perto todos os homens e mulheres
batizados, sem exceção, o olhar pessoal de Deus, nosso Criador e Guia,
que quer dizer de novo, neste mês dedicado às vocações (Cf. Mt 20,1-16):
“Por que estais aí o dia inteiro desocupados? Ide vós também para a
minha vinha”. Deus acompanha os fiéis e os cumula com sua inesgotável
bondade, restaurando o que por Ele mesmo foi criado e conservando o que
foi restaurado. Há muito a fazer, quando as pessoas, mesmo quando não se
expressam assim, gritam insistentemente (Jo 6,28): “Que devemos fazer
para realizar as obras de Deus?” Quem acolhe sua graça não pode ficar
indiferente! O mundo em que vivemos clama pela nossa resposta ao chamado
de Deus e pelo nosso testemunho qualificado, grita pela nossa vocação!
Fonte: ZENIT
http://www.rccbrasil.org.br/espiritualidade-e-formacao/index.php/artigos/816-ha-vagas-por-dom-alberto-taveira
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